sábado, 24 de outubro de 2009

Ausência

Era assim, vc lá e eu cá. Uma relação sem ligação, nem postal.
Eu vivia bem sem vc, pelo menos eu achava, pois tbm não sabia como era viver “com”.
Em momentos raros pensava, mas passava, na verdade evitava.
É a vida continuava. Lacunas, espaços, parênteses, faziam parte da vida.
Cresci assim, mais ou menos como quem nasce cego.
Vc se adapta ao diverso e anda de bengala, mas sempre te contam que o céu é azul.
Daí vc imagina o azul, mas nunca vai saber, pois a escuridão é ausência de cor.
Então vc cresce sem padrão, mas sabe que ele existe e que a vida e melhor com ele.
Aí um dia te lembram que vc já teve luz e padrão, que foram tirados de vc muito cedo.
E vc fica como qualquer mortal que tem lembranças, tentando buscar algo lá dentro.
Procura mais não acha. Encontra relatos, mas nunca lembranças.
Sabe que a vida seria bem melhor se vc tivesse ficado cego na infância.
Seria muito revoltante, mas vc só queria lembra a cor do céu.
A partir daí entende que não dá pra resgatar nada e não entende.
A grande lacuna continua ali, e puxando pela mão.
Vc nunca esteve efetivamente sozinho, e sente lá dentro o que te fez falta.
E lembra do vazio que também sempre esteve ao seu lado.
O companheiro de todas às horas, ele que muitas vezes segurou sua mão.
É ele que está comigo agora e infelizmente é ele vai estar para sempre.
Pois ninguém nunca esteve em seu lugar e nunca vai estar.
Já não adianta esperar...

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